30 março, 2011

Um aniversário e uma morte

29 de Março, 2011 - Comemoramos os 318 anos de Curitiba, nossa casa há mais de quarenta anos. Tudo discreto, bem do jeito da cidade. Um lindo número "318", grande, colorido, em diversos pontos de ônibus, e as cerimônias de praxe nos ambientes oficiais...

O Alexandre nos levou - ao Alcebíades e a mim - ao aeroporto para nossa ida a São Paulo. Tudo normal, sem incidentes. Chegamos ao hotel, em frente a Congonhas e começamos a trabalhar. E, no começo da tarde, a notícia: José Alencar, nosso ex-VP, havia falecido! Seus 14 anos de luta contra o câncer, as 17 cirurgias, os tratamentos alternativos, tudo havia chegado ao fim. Finalmente.

A festa de aniversário de Curitiba ficou marcada pela tristeza dessa partida. Alencar deixou uma imagem de otimismo, de garra, de destemor diante das dificuldades - e foi um dos políticos que conseguiu atravessar os oito anos de Lula praticamente incólume, livre da nódoa de corrupção e desmandos que manchou grande parte dos líderes desse governo.

Sua candidez ao criticar os altos juros praticados no Brasil era a voz dos que engolem sua indignação diante dos abusos do sistema financeiro nacional - e seu jeito simples de dizer as coisas chegava diretamente ao coração dos brasileiros.

Agora pela manhã, da janela do meu apartamento no hotel, de frente para Congonhas, pude ver os cinco helicópteros parados no céu, acima da pista, enquanto o caixão dele era colocado no cargueiro da FAB que o levaria a Brasília, enquanto a TV transmitia as imagens desse traslado. E agora vejo seu corpo, envolto na bandeira nacional, chegando ao Palácio do Planalto, a bordo de um caminhão de bombeiros...

O aniversário de Curitiba já se foi, marcando o calendário, mais uma vez, em direção ao futuro. Cidades vivem para muito além de nossa curta existência... José Alencar, sob a salva de 21 tiros e os aplausos do povo, sobe a rampa do palácio para receber as últimas homenagens de seus concidadãos, antes de poder descansar em paz e entrar para a História. Seus quase 80 anos de vida se encerram com dignidade - e sem qualquer sinal da desonra que ele fazia questão de evitar.

Esperemos que muitos brasileiros busquem nele um modelo de vida - principalmente os que lideram nosso país.